sábado, 17 de março de 2007

Tiwanaku

3° Dia

Na vépera tínhamos fechado o passeio a Tiwanaku no Diana Tours, uma agência que fica no nosso próprio hotel. Já tínhamos tentado no Albert Tours, mas não rolou nem um descontinho. E aqui, em tudo rola un descontito. Mesmo em portunhol, sempre dá pra chegar a algum acordo interessante as duas partes. E já que gostamos do atendimento lá no Diana Tours, aproveitamos pra fechar nossa ida ao Salar de Uyuni com eles também.

Acordamos por volta das seis depois de uma noite um tanto quanto agitada. A Iraman tem dormido muito mal desde que chegou. O ar aqui é muito seco e, além de rachar o lábio, acaba com o nariz e com a garganta. A coitada acordou com o nariz sangrando muito no meio da noite. Toda hora tinha alguém acordando por algum motivo, todo mundo tossindo, enfim, o sono não deu muito pro gasto essa noite.

Tomamos nosso farto café-da-manhã e pegamos o ônibus que já estava esperando pela gente no hotel. Não era um daqueles coloridões que vemos pela cidade. Até que seria mais divertido do que o ônibus de turismo de sempre.

A viagem até Tiwanaku durou pouco mais de uma hora. A Isa apagou mal nos acomodamos no ônibus. Passamos por El Alto, a parte “pobre” de La Paz, onde vivem muitos índios que vieram a La Paz atrás de trabalho, mas tiveram que se alojar fora da cidade devido à superlotação. O mais impressionante de lá é a vista que temos de La Paz. Um mar de casas marrons que mal se destacam do restante da paisagem árida. Descobrimos que as casas não são pintadas ao final da construção, porque, depois de pintada, elas são dadas como “prontas” e aí o imposto é muito mais alto do que o das casas ainda “em construção”. Resumindo, todas as casas de La Paz e El Alto são laranjas, da cor do tijolo, apesar de por dentro estarem prontinhas pra morar. Interessante, não?

A estrada corta um planalto totalmente deserto, principalmente agora no inverno, que é época de seca. Mas parece que no verão, tudo se cobre de plantações: mais de 200 tipos de papas! Uau... é batata pra chuchu!! De vez em quando, surge uma ou outra casa, tão distantes umas das outras, que não dá pra entender o que aquelas famílias fazem por ali. Nenhuma plantação, nenhuma escola e muito menos hospital por perto. Somente uma ou duas lhamas e um burrinho com cara de fome.

Como estamos perto do dia da independência da Bolívia, vimos pelo caminho muitos desfiles de crianças carregando a bandeira, acompanhando uma bandinha com meia-dúzia de instrumentos.

Chegamos, enfim, e o sol estava de rachar. É a parte chata de começar a descascar a cebola. Tira anorak. Depois tira o casaco de baixo. Depois morre de calor porque não tem como tirar a blusinha de baixo da camiseta! E sai pendurando tudo onde dá, até porque você já está superlotada com câmra, garrafa d’água, protetor labial, protetor solar, guia... Quando pinta a vontade de ir ao banheiro, então, melhor tirar uns bons minutos pra não se estressar. Porque aí tem a calça, a ceroula e ainda uma doleira no caminho pra atrapalhar!!!

Tiwanaku era um centro econômico, político e religioso que foi destruído pelos espanhóis (como tudo por aqui...) que queriam converter os índios ao catolicismo. O sítio arqueológico está muito bem preservado e existem partes ainda sendo escavadas. Foi habitado por civilizações pré-incaicas que tinham conhecimentos avançados na matemática, engenharia e astronomia. Nas horas vagas, quando deixavam os números de lado, bebiam Tchitcha, bebida de milho fermentado usado em cerimônias religiosas. Ficava todo mundo doidão!! =)

Mas esse não era o habito mais estranho do povo de lá. Pra se diferenciar da ralé, a alta sociedade de Tiwanaku usava cintos na cabeça quando criança pra ficar com o crânio deformado quando adulto. Essa gracinha provocava fortes dores de cabeça, o que fez com que o povo “tiwanaquês” já fizessem operações na cabeça das pessoas séculos antes dos europeus sonharem em abrir o cocoruto de alguém. Sem matar, é claro.

Depois da visita ao museu e ao sítio, fomos levados a um restaurante entupido de turistas ali mesmo. Tinha umas mesas enormes com toalhas coloridas e um astral muito bom. Eu e Isa aproveitamos pra experimentar a Paceña, a loira dos bolivianos. Poderia até ser gostosa se tivesse vindo gelada. Vamos dar uma segunda chance. “Sai outra. Só que bien helada dessa vez, por favor!”. Veio fresquinha. Tudo bem, não estava tão ruim assim. Dessa vez todas as quatro pediram pollo com papas, pra garantir. Só estamos no terceiro dia de viagem e confesso que já tô enjoando de comer pollo com papas. Mas tudo bem, esse estava uma delícia e todas nós comemos com muito gosto! Ah, e de entrada comemos, pela primeira vez (em dezenas de outras vezes), a sopa de quínua, o ceral mais comido em Tiwanaku e por toda civilização andina até os dias de hoje. Tem altíssimo valor nutricional...e pouquíssimo sabor. Na verdade, parece uma sopa de arroz. Nada que não dê pra comer. E já que eu estava com fome, como sempre, adorei a entradinha!!


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Entrada no sítio arqueológico e no museu = U$ 10

Curiosidade
*Significado das cores da bandeira da bolívia:
Vermelho = sangue dos soldados
Amarelo = ouro
Verde = florestas

*Já a bandeira dos índios parece bandeira dos gays: toda colorida!! Cada cor corresponde a uma tribo!

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