sexta-feira, 6 de abril de 2007

...e a trilha continua!

16° dia

A noite foi tranquilíssima. Dormi encasacada, mas não senti frio algum durante a madrugada. Acordei no susto com os porteadores sacudindo a nossa barraca. Abri o zíper com aquela cara de sono que Deus me deu e lá estavam eles gentilmente trazendo de coca quentinho pra gente! Me senti uma rainha, e não pude evitar de lembrar do Matteo lá no salar. Depois de tomar meu chazinho e me arrumar saí no frio pra tomar o primeiro café da expedição. A mesa já estava posta: mingau, chocolate quente, chá, café, pão, marmelada. Tudo ótimo. Ganhamos mais um lanchinho pro dia e seguimos a caminhada.

O segundo dia de trilha é famoso por ser o mais difícil. Eu concordo, mas acrescento: o segundo dia é o mais difícil e o mais especial. Como a trilha é muito puxada, é natural o grupo se dispersar ao longo do dia, cada um seguindo o caminho ao seu ritmo. Com isso, passei a maior parte do percurso sozinha (mas sempre acompanhada por uma legião de turistas), admirando a vista e botando meus pensamentos em ordem. Uma verdadeira terapia que transformou aquele dia numa experiência inesquecível. A paisagem nesse trecho da trilha é também a mais bonita. Depois de subir as escadarias incas por horas, há sempre um vale deslumbrante a nossa espera. Montanhas nevadas, florestas exuberantes e turistas do mundo inteiro abismados, cansados e felizes.

As subidas iniciais são mesmo muito puxadas. As escadarias intermináveis são um legado dos incas, e pensar que pisávamos nas mesmas pedras que eles pisavam nos dava uma energia a mais pra continuar. A Isa decidiu dar um sprint inicial e seguiu na frente. Eu fui num ritmo mais lento, mas no esquema "não pára, não pára, não pára, não!!!" e tentei não me cansar demais. A Bella ficou mais pra trás e a Iraman teve que encarar uma seqüência interminável de câimbras, ficando com a Mabi no fim da fila. Só nos encontramos de novo para o almoço. E o local escolhido para a refeição não podia ter sido melhor. Como não sei descrever com palavras a vista que tivemos nesse dia abençoado, vou postar em seguida as fotos. Tirem as suas próprias conclusões. E babem...

Durante a sobremesa, a Mabi fez o favor de nos mostrar o cume final da nossa última subida, o que deixou as meninas totalmente desestimuladas pra continuar. Eu me sentia reenergizada pelo almoço, mas acho que pra elas a pausa pro descanso teve o efeito contrário. A subida final do dia é realmente muito puxada, fomos de 3100m a 4300m. Acho que a dica é sempre seguir um ritmo, mesmo que seja lento. Mais passos, menos paradas e uma boa respiração. Pelo menos foi assim que funcionou comigo. Cheguei ao cume e aproveitei para tirar fotos espetaculares enquanto esperava as meninas. A Bella chegou com lágrimas nos olhos, emocionada com a conquista do cume! Isa apareceu em seguida e começamos a descida já em direção ao acampamento. Descer também não é moleza, os joelhos reclamam, as pernas tremem, mas pelo menos sobra fôlego pra bater um papo durante a caminhada.

O acampamento do segundo dia é enorme e reúne barracas de diversas agências. Dessa vez, tínhamos banheiro (coletivo, é claro) mas continuávamos sem chuveiro. As unhas já estavam em petição de miséria e o cabelo...nem sei, porque não tive coragem de soltar. E haja baby wipes pra ficar limpinha depois de oito horas de caminhada.

Fizemos um lanchinho rápido (palomitas de maíz deliciosas!) e tivemos um bom tempo pra descansar até a hora do jantar.

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