terça-feira, 3 de abril de 2007

Cusco, aí vou eu!

13° dia

Acordamos cedo para nossa despedida do café-da-manhã. Pelo andar da carruagem, sabíamos que dificilmente teríamos acesso a um banquete como aquele antes de voltar pra casa. A certeza de que faríamos uma ótima viagem até Cusco, visto o conforto do trajeto Copacabana-Puno, nos deixou tranqüilas até a hora de ir pra rodoviária.

No check-out do hotel Utama, uma saia justa difícil de encarar. No momento em que estávamos fazendo o pagamento pro dono do estabelecimento, um grupo de hóspedes passava pela recepção e, ao perceber que estávamos pagando muito menos pelos quartos, o povo começou a fazer perguntas. Pra retribuir a ajuda que o senhor havia nos dado, ficamos desconversando e fingindo que não estávamos entendendo xongas do que os coroas falavam. No meio daquela reclamação toda, saímos de fininho. Quem mandou eles não saberem negociar? Então, aprendam a lição número um: pechinchem sempre!

Compramos as passagens com o mesmo 171 que havia tentado arrumar hotel pra gente quando chegamos em Puno. Ele nos acompanhou pessoalmente à rodoviária. Para nossa felicidade faríamos a viagem em um ônibus turístico de dois andares, confortável e com apenas umas três ou quatro pessoas sentadas no chão. Demos a sorte de ficar nas primeiras poltronas lá de cima e tivemos uma vista privilegiada do belo caminho até Cusco. Para as horas de tédio, a TV exibia "O Exterminador do Futuro 3". Em espanhol, claro.

Nossa felicidade foi abalada quando nosso ônibus parou sem motivo no meio da estrada. A turistada desceu preocupada mas, pro nosso alívio, um outro ônibus (um pouco mais velho e sujo que o primeiro, mas ainda assim decente) passou para nos buscar. Seguimos viagem numa boa, até que o motorista começou a andar a meio km/h até parar definitivamente, para o nosso desespero. E dessa vez não tinha jeito. Os próprios turistas tentavam ligar pra companhia do ônibus em busca de alguém pra consertá-lo, mas foi tudo em vão. Não tinha viva alma pra nos ajudar.

Enquanto a turistada armava o barraco na beira da estrada, fui à procura de um banheiro com a Isa. Paramos numa vendinha e a moça gentilmente nos deixou usar a casa nos fundos. Acompanhada por alguns cachorros meio suspeitos, seguimos pro banheiro, que se resumia num buraco no chão, logo ao lado da ducha de banho. Como nossa viagem não tinha hora pra acabar, fui ali mesmo. Enquanto esperava a Isa criar coragem lá na fossa, um cara saiu de toalha de uma das portas e foi tranquilamente a outro cômodo. Gentil, me deu até boa tarde.

Ninguém chegava a uma conclusão de como os turistas seriam levados até Cusco. E agora, quem poderá nos defender? Não adiantava chorar que o Chapolin é mexicano. O jeito foi pegar um ônibus comum que passou pela estrada em direção à Cusco. Acompanhadas por outros turistas resignados, pagamos mais uma passagem (por 6 soles - reembolso? Que nada!) e embarcamos na carroça. Uma meia dúzia de cholas se instalou ao lado do minha poltrona. O resto do corredor permaneceu vazio. Obrigada pela preferência!

Chegamos em Cusco com um atraso de umas três horas. Lá nos esperava uma outra moça indicada pelo nosso agente preferido de Puno, que nos levaria a algum hotel na cidade. Depois do fiasco da nossa viagem, achamos por bem fugir da tal da agente nos fingindo de americanas, e pegamos um táxi rumo à Plaza de Armas. Chega de cair no papo dessa gente.

O Diego, brasileiro que havíamos conhecido na Bolívia, já tinha nos indicado o Hotel Imperial Palace, então seguimos até lá. O hotel era ótimo, a poucos quarteirões da praça, com café-da-manhã, água caliente e por uma bagatela de U$10,00. Negócio fechado. Assim que nos instalamos fomos atrás de...comida, é claro. Andamos pela Plaza de Armas enquanto já anoitecia e foi impossível não me apaixonar pela cidade. Um lugar moderno, mas que respira história; cosmopolita, mas sem perder as características mais alegres de seu povo. Iluminadas, as igrejas ficam ainda mais grandiosas e a praça, ainda mais cativante. Não queria sair de lá por nada.

Paramos para comer na Trattoría Adriano, um restaurante italiano muito aconchegante e com ótimos preços. Assim que sentamos já serviram uma entradinha, que para as quatro famintas ali na mesa, já era um banquete. Menu principal: espaguete à carbonara. O melhor que eu já comi em toda a minha vida. Naquele momento, sabia que seria muito feliz em Cusco.


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Hotel Imperial Palace
Calle Tecsecocha, 490B
U$10 por pessoa (com café, banheiro privativo com banho quente)


Restaurante Trattoria Adriano
Esq. Av.Sol com Mantas, n° 105 (pertinho da Plaza de Armas)

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