sexta-feira, 29 de maio de 2009

Valle Sagrado

23° dia

Passada a indigestão de ontem e depois de uma noite bem dormida, acordamos cedo pra ir ao Valle Sagrado. Fechamos um passeio com a mesma agência que nos levou a Machu Picchu. É claro que existem maneiras de ir até lá por conta própria, mas achamos que um passeio com guia seria muito mais bem aproveitado, pensando nas histórias e nas curiosidades sobre os ritos, os templos e a religião do povo andino que perderíamos se fossemos sozinhas.

Chegamos pontualmente na Plaza de Armas, lugar onde estava marcado para sair o nosso ônibus. Um grupo grande de turistas da nossa e de outras agências já se encontrava por lá. A demora na chegada da nossa condução nos fez pensar que novamente teríamos problemas, mas quando o microônibus finalmente parou na praça, relaxamos e entramos. Porém, aqui no Peru nada é tão simples assim. Assim que nos acomodamos nas poltronas, uma oficial entrou no ônibus e mandou todos os turistas descerem, alegando que o veículo não tinha permissão para circular. Enquanto os turistas tentavam entender a situação, eu e as meninas caímos na risada. Depois de mais de 20 dias viajando por lá, a gente já tava até estranhando a falta de percalços. Bom, aí toca de descer todo mundo e ficar abestalhado no meio da Plaza de Armas esperando as coisas se resolverem.

Uns quarenta minutos depois, já estávamos todos realocados em outro ônibus providenciado pela agência e a caminho de Pisac, nossa primeira parada. O Valle Sagrado dos incas é formado pelo encontro de vários rios em um vale muito fértil que se tornou o principal local de produção agrícola dos Incas. Ao longo do vale, ainda se encontram inúmeros sítios arqueológicos de antigas fortalezas e cidades, assim como povoados indígenas que habitam o local até hoje

Pisac abriga a mais tradicional feira de artesanato local e, como já estamos nos últimos dias de viagem, achamos que era uma boa hora de comprar umas lembrancinhas pra galera que tá esperando pela gente em casa no Rio. A feirinha tem de tudo: roupas, artesanato, comida típica... Uma delícia! Aproveitamos para visitar as ruínas do morro Intihuatana, com seus terraços agrícolas, templos, monumentos e uma vista belíssima de todo o vale. Como a caminhada é longa nessa parte do passeio, fizemos um pit-stop para o almoço antes de seguir para Ollantaytambo, nossa próxima parada.

Ollantaytambo, o sítio arqueológico mais bem preservado da região, abriga um enorme complexo militar, religioso e administrativo dos Incas. Sua arquitetura monumental com seus muros gigantescos é deixar qualquer turista boquiaberto. Seguimos a Magali, nossa ultra alegre guia, para desbravar as ruas e os longos caminhos de lá. Obras como o Templo do Sol, com suas pedras enormes perfeitamente encaixadas umas nas outras, mostram a eficiência e o total domínio das técnicas de construção e transporte dos Incas.

Tem que ter perna e fôlego pra dar conta das escadarias dos terraços agrícolas de Ollantaytambo, mas a vista que se tem lá de cima compensa cada degrau subido. Depois de desbravar todas as esquinas, as pedras, os templos e ouvir suas histórias, começamos o caminho de volta ao ônibus, mas, antes, uma pausa para conhecer a fonte sagrada de água. Nesse momento, notei que estava sozinha no meio dos gringos e que minhas companheiras de viagem tinham ficado pra trás. Mas as histórias de Magali estavam tão interessantes, que não me preocupei em procurá-las.

Finalmente, reencontrei as meninas com cara de poucos amigos. Só aí notei que Iraman estava toda suja de terra. Resumindo a história, ela tinha torcido o pé na descida da escadaria, caído e desmaiado. Um espetáculo completo que mobilizou uma penca de turistas e deixou minha companheira de viagem mais animada com o tornozelo dolorido e inchado! Passado o susto, estávamos todas juntas novamente no ônibus a caminho de Chinchero, nossa última parada.

Chegamos lá já no fim da tarde e, depois de conhecer a igreja local (muito linda por sinal), tivemos um tempo para dar uma volta pela feira de artesanatos e tirar algumas fotos. Nesse momento tivemos que botar em prática toda a nossa simpatia e paciência pra aturar a horda de crianças que te seguem incansavelmente, pedindo (ou seria implorando) para você comprar alguma coisa pra elas. "Comprame, señor! Comprame!" Já haviam me dito que era sempre bom ter balas, canetinhas e outras coisas fofas para dar à criançada, e sempre achei um exagero. Mas talvez essa técnica tivesse me poupado de tamanha perseguição.

O por do sol nos presenteou com algumas linda fotos em Chinchero, mas também trouxe um frio de lascar. Era hora de voltar. Chegamos a Cusco já de noite e fomos dar uma relaxada no hotel antes de sair novamente. Iraman estava com o tornozelo bastante inchado, mas nada tira o sorriso e a disposição dessa menina... Em poucas horas, estávamos no Mama África degustando um belo Pisco Sour, ao som de La Tortura, Camisa Nega e outros hits locais.

Nenhum comentário: