quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

La Chascona e Mercado Central

2° dia

A chuva não deu trégua a noite toda e o dia amanheceu feinho, feinho... Mas nem por isso desistimos da idéia de caminhar até La Chascona, a antiga casa de Pablo Neruda em Santiago. O museu fica muito perto do nosso hostel e uma caminhada por ali parecia um bom ponto de partida para conhecer a cidade, mesmo com o tempo ruim.

Bellavista é sim um bom hostel mas, como em muitos albergues por aí, o café da manhã é aquela dureza. Uns pães esquisitos (por sinal, iguais aos pães horríveis que a gente comia na Bolívia), manteiga, marmelada e café - o suco (natural da caixinha...) já tinha acabado quando a gente chegou. Mas a comilança não era das piores: o pão quando esquentado ficava razoável, o café tava saboroso, o suco devia ser gostosinho. O único problema eram os turistas mesmo, muito mal-educados! É aquela velha história, ao longo de uma hospedagem em albergue você tem a sorte de conhecer muita gente legal, mas também dá o azar de cruzar com uma galera que não prima pela limpeza nem pela boa educação. Paciência. Faz parte.

Deixamos os ogros se matando por um pãozinho na cozinha do hostel e fomos encarar o frio lá fora. As ruas ainda estavam vazias quando a gente saiu: além da chuva fina, era domingo. Foi gostoso passear pela cidade fantasma e fria, escutando apenas nossas risadas nervosas com o frio, mas felizes pela viagem que estava começando.

La Chascona foi a casa que Neruda mandou construir para Matilde, sua amante, e onde eles viveram juntos por muitos anos. A casa por si só já vale a visita, um lugar muito diferente, que conta com três ambientes interligados por escadas, pátios e até um rio. Fora isso, lá também estão inúmeros objetos de coleção do poeta - quadros, antiguidades, peças de decoração - assim como utensílios do dia a dia, como livros, cartas e louça. Apesar do vandalismo cometido pelos militares na época de sua morte, a casa se tornou um belíssimo museu que conta com visitas guiadas a toda hora e uma loja de souvenir irresistível.

Logo que chegamos, sentamos na lojinha do museu pra tomar um café bem quente e esperar pelo nosso grupo, que não demorou a sair. A visita durou aproximadamente 30 minutos e foi um mergulho na vida e na obra de Pablo Neruda. Aos poucos a gente começava a se interar melhor sobre importantes acontecimentos da história do Chile, que até então nunca havíamos dado muita atenção. E não paramos de aprender até a hora de voltar pra casa.

Depois da visita inspiradora a La Chascona, decidimos pegar o metrô até o Mercado Central e procurar algum lugar para almoçar, já que a chuva não dava trégua. Logo na chegada, fomos abordadas por um simpático garçom brasileiro que nos indicou o restaurante El Galeón. Não sei o que acontece com a gente, se são as roupas, o semblante, o cheiro, a voz... todo mundo sabe que somos brasileiras de longe, sem pronunciarmos uma palavra sequer. Muito estranho! Enfim... Antes de comer tentamos dar uma volta pelo Mercado para ver os peixes e mariscos recém chegados do mar do Pacífico, mas andar por lá não é tarefa fácil para um turista, ainda mais quando se trata de três mulheres sozinhas e com "brasileiras" escrito na testa, como nós. Fomos tão abordadas, que se locomover nos estreitos corredores do mercado ficou impossível, e assim que tivemos uma oportunidade, caímos fora dali - direto pro El Galeón!

O restaurante mais famoso do Mercado Central de Santiago é o Donde Augusto, obviamente o maior, o mais cheio e o mais caro também. Preferimos seguir o conselho do nosso novo amigo garçom e nos refugiamos no aconchegante El Galeón prontas para encarar um típico almoço chileno, mesmo que para isso gastássemos um pouquinho a mais do que previa o orçamento diário. De cara um bom vinho, (começou nesse dia a tradição de fotografar todos - e foram muitos - os vinhos consumidos ao longo da viagem) e um excelente ceviche pra abrir o apetite! Por fim, um pescado con ensalta. Delícia. Estávamos prontas pra próxima parada!

Chove, chove, chove, chuuuuuuuuuuva....

O tempo não estava ajudando o nosso momento "vamos bater perna e seguir sem rumo pela cidade"! Ali perto do Mercado fica o Centro Cultural Mapuche, mas não tinha nada rolando por lá quando chegamos. Com o frio e a chuva apertando, não tínhamos escolha a não ser voltar pro albergue. Antes, uma passada na rodoviária pra garantir nossas passagens para Mendoza. Como teríamos mais um fim de semana em Santiago antes de partir pro Atacama, nem tudo estava perdido.

A noite em Bellavista é super animada e o Patio Bellavista é uma boa pedida pra quem está atrás de restaurantes, bares, cafés e lojinhas de souvenir. Depois da noitada da véspera e já pensando na viagem do dia seguinte, nos contentamos com uma pizza e algumas cervejinhas no pub Dublin para depois voltar e cair na cama.


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La Chascona: maiores infos no site http://www.fundacionneruda.org

Restaurante El Galeón - Mercado Central de Santiago
www.elgaleon.cl
www.mercadocentral.cl/

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