domingo, 17 de janeiro de 2010

Bodegas... e muito vinho!

Engana-se muito quem pensa que o turismo em Mendoza gira apenas em torno de vinhedos e boa comida. Os arredores da cidade com suas montanhas, rios e cânions oferecem uma infinidade de opções para a prática de turismo de aventura como rafting, trekking, rapel, cavalgadas, etc. Eu estava disposta a ignorar aquele probleminha no meu tornozelo, já mencionado aqui, e começava a pensar em encarar o trekking de quatro dias até a base do Aconcágua. Infelizmente (ou felizmente) nem precisei tomar essa decisão já que descobrimos que a temporada no Parque do Aconcágua começaria apenas duas semanas após a nossa despedida da cidade. Fiquei bastante frustrada, visto que esse era meu maior motivo de ter desviado nosso percurso até lá. Passada a decepção, resolvi aproveitar as opções que tínhamos pela frente, a começar por um passeio pelas bodegas mendocinas durante um dia inteiro, com direito a degustação de vinho e almoço.

Partimos numa van do Campo Base acompanhadas de gringos dos quatro cantos do planeta rumo ao primeiro vinhedo. A manguaça começou cedo com uma breve degustação de vinhos orgânicos na Bodega Cecchin, a pouco mais de uma hora do nosso café da manhã. Abrimos o tour com uma longuíssima aula teórica sobre tipos de uva e as muitas etapas do processo de produção de um bom vinho. A guia que foi posta a nossa disposição deixava muito a desejar no inglês e dava pra perceber que ninguém ali tinha idéia se ela estava falando sobre uvas ou discutindo filosofia. Mal sabíamos que até o fim do dia nós mesmos poderíamos estar comandando um tour daqueles.

Depois de uma breve degustação (mais breve do que a maioria de nós esperava depois da história sem fim sobre vinhos orgânicos), voltamos pra van e partimos pra onde seria servido nosso almoço. Então, nossa sede de vinho foi finalmente saciada. Chegamos num amplo restaurante onde uma enorme mesa já esperava pelo nosso grupo. Não havia mais ninguém por lá, então não sei bem se o serviço exclusivo foi intencional ou se foi puro tédio do garçom mesmo. Só sei que desde que nos sentamos à mesa, nenhuma taça permaneceu vazia por mais de dois minutos. Em menos de uma hora de confraternização, todos nós já tínhamos virado amigos de infância. Nosso querido garçom servia parrillada (pra mim, massa) e vinho incansavelmente. Acho que alguém deve ter dado uma boa gorjeta pra ele antes sem que ninguém visse e dito "amigão, derruba eles!". Só sei que não restou um só turista "puro" depois daquela orgia gastronômica e assim, felizes e muitíssimos satisfeitos, partimos pra próxima bodega: Alta Vista.

Entendo que a escolha do trajeto provavelmente se deu por quesitos geográficos, mas ainda acho que teria sido mais prudente ter deixado a chatapádedéu Cecchin e sua incompreensível guia pra depois do almoço, quando já estávamos achando tudo a maior diversão do mundo. A visita a Alta Vista foi ótima, com bons guias, bom inglês, boa explicação e muito bom humor da nossa parte. Mais algumas taças de degustação e seguimos nosso tour, aos trancos e barrancos, até a última bodega: Família Zuccardi, de longe a melhor de todas. Pra começar, fomos recebidos com uma rápida (e de-li-ci-o-sa) prova de espumantes. Quer deixar um grupo de turistas bebuns mais felizes ainda? Dê espumante a eles. Vão se sentir chiques, especiais e vão ter a maior boa vontade em escutar pela terceira vez como se dá a fermentação da uva. Pura estratégia, gente, esse povo recebe gringo doidão há anos, eles sabem o que fazem. Deu super certo, e seguimos pelos lindíssimos vinhedos (ainda secos, infelizmente) e pelas luxuosíssimas dependências da bogega, com seus amplos galpões e barris enormes. Lá mesmo fizemos a degustação, de barril em barril, de vinhos de todos os tipos, idades, aromas, sabores... honestamente, acho que eu nunca tomei tanto vinho em um só dia em toda a minha vida. Não só por isso a última parada foi a melhor. A Zuccardi preza pelo excelente atendimento, pela simpatia (e bom preparo) dos guias e pela beleza do lugar. Se você, por algum motivo, tiver que escolher apenas uma bodega para conhecer quando estiver em Mendoza, essa é sem dúvida a melhor escolha. Mas eu recomendo mesmo tirar o dia para se acabar por todas elas, vale a pena!

Não satisfeito em transportar uma penca de turistas animados além da conta, o motorista ainda parou em uma pequena fazenda que produzia artesanalmente azeite, pastas, chocolate e... licores. Meu Deus! Foi o tiro de misericórdia servir absinto àquela gente. Eu me contive com as azeitonas recheadas de provolone que estavam deliciosas e deixei os drinks para as minhas companheiras de viagem, que àquela altura estavam fazendo uma viagem sem volta rumo à ressaca do dia seguinte.

*********

Bodega Cecchin - http://www.bodegacecchin.com.ar/

Alta Vista - http://www.altavistawines.com/

Familia Zuccardi - http://www.familiazuccardi.com/

2 comentários:

Unknown disse...

Nossa, q saudade desses dias em Mendoza! E as fotos estão de babar!! Parabéns!! Estou adorando acompanhar!!

Cissa Ferreira disse...

Querendo adicionar algum textinho é só mandar que eu posto! Afinal, vc faz parte da aventura!!!