sexta-feira, 30 de março de 2007

PAUSA PARA FOTO



Islas Uros e seu povo colorido.














Dentro dessas casinhas tem até televisão!














Isla Taquille












Uma das muitas ribanceiras da Isla Taquille

quinta-feira, 29 de março de 2007

De vota ao Titicaca

12° dia

ISLAS UROS E ISLA TAQUILLE

O café-da-manhã no Hotel Utama foi o primeiro que correspondeu as nossas expectativas. Com muito gosto devoramos pão, queijo, presunto, ovo, frutas!! Que felicidade! Meu estômago faminto agradece!

Na véspera tínhamos fechado um passeio com o nosso super agente de viagem. Depois do vexame na tentativa de arranjar um hotel pra gente, até que fez bonito no restante de suas obrigações. Na hora marcada, apareceu para nos buscar em uma van com mais dois turistas suíços. O Philip (que até era bonitinho...) e a Claudia (que se mostrou uma psicopata em potencial ao longo do dia). O barco já nos esperava quando chegamos, cheio de turistas. No começo da viagem, nosso guia se esforçou pra enturmar as pessoas, fez todo mundo se apresentar e falar seu país de origem, mas depois de rápida conversa a galera se dispersou novamente.

Chegamos a nosso destino algumas horas depois. As Islas Uros são ilhas flutuantes contruídas pelos Uros, fugidos do ataque dos Incas, que buscavam conquistar o território ao redor do Lago Titicaca. Hoje habitadas pelos índios aymarás, as ilhas artificiais possuem escolas, hospital, templos e abriga centenas de famílias. Construídas com raízes de totoras, que liberam gases que ajudam na flutuação, e cobertas por totoras secas, elas permanecem ancoradas nas Reserva Nacional do Lago Titicaca, ao invés de ficarem vagando pelas águas (o que certamente seria mais divertido!).

Pisar na ilha é um tanto quanto estranho e deu pra acreditar quando o guia nos contou que o povo de lá possui as pernas levemente atrofiadas por terem crescido andando naquele solo macio. (Realmente, eles parecem uns ursinhos andando, principalmente as mulheres que vestem longas e volumosas saias coloridas). Fomos recebidos pela população local, mais do que acostumada com a presença dos turistas. Depois de uma rápida explicação sobre a história e a cultura do povo das ilhas, fomos dar uma volta, tirar fotos e conferir o artesanato, que é incrível!

Saímos de lá em uma pequena canoa típica em direção ao nosso barco. Flutuar pelas águas calmas do Titicaca em um dia lindíssimo como o que estava fazendo, renovou minhas energias e acredito que todos nós ali presentes ficamos um pouco mais felizes depois daquele momento. De volta ao nosso barco, partimos rumo à Isla Taquille, há umas boas horas dali.

Logo na chegada à ilha, uma enorme ribanceira esperava pela gente, mas as barraquinha de artesanato pelo caminho e a vista do Titicaca incentivaram a legião de turistas que se aproximava. A Isla Taquille fez parte do império inca e foi um dos últimos lugares a sucumbir ao domínio espanhol. Como foram proibidos de usar sua vestimenta típica, os índios adotaram roupas campesinas, que usam até hoje. Lá vivem em comunidade baseada no trabalho comunitário e sob o código moral antigo dos incas: "Ama suwa, ama llulla, ama qilla" (não robarás, não mentirás e não serás preguiçoso). O que deve funcionar, pois os habitantes da ilha parecem bastante pacíficos e tranqüilos. Ficamos malucas com o artesanato local, principalmente a tecelagem, que curiosamente, é feita pelos homens!

Nosso grupo almoçou todo junto num pequeno restaurante no alto de outra ribanceira (são muitas por aqui) com uma vista de tirar o fôlego. A comida já estava incluída no pacote, então não tivemos muito trabalho em escolher o cardápio. Sopa de quínua, peixe, arroz e batata. Simples e gostoso. Ainda mais acompanhado por uma Cusqueña!

Voltamos ao final do dia e, varadas de fome, sentamos num restaurante que havíamos visto na véspera. Pedimos logo uma entradinha pra enganar a hambre, mas pra nosso total desespero só chegou uma hora depois! Trinta segundos se passaram e veio o prato principal: meia dúzia de ravióli que não encheu nem 1/4 do meu estômago reclamão. Saímos de lá direto para a Hostería comer uma sobremesa caprichadíssima. Aí sim, fui dormir feliz.

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Cerveja, taco... e muita pimenta!!













De mala e cuia rumo ao Peru.














Fronteira Bolívia / Peru.














O que fazer em Puno? Comer, comer, comer!

Olha o tamanho do chocolate quente!

quarta-feira, 28 de março de 2007

PUNO

11° dia

O galo (galo? é isso mesmo??) cantava desde às cinco. Às sete fui forçada pelo jantar apimentado da noite anterior a sair da cama rumo ao baño. Aproveitei a deixa para tomar um banho decente (ou seja, quente). As meninas seguiram a minha idéia e acabou que todas nós acordamos cedo justo no dia que tínhamos para dormir até mais tarde.

Depois de degustar nosso banquete matinal, fomos dar uma volta e conhecer, enfim, a cidade de Copacabana. Demos a sorte de ver uma grande procissão rumo à igreja, com carros enfeitados, pessoas a cantar e muitas oferendas à Santa padroeira da cidade.

A Igreja de Nossa Senhora de Copacabana acolhe uma das mais cultuadas imagens da Virgem Maria (uma réplica da imagem foi levada para o Rio de Janeiro, onde foi criada uma igrejinha em homenagem à Santa, que posteriormente, deu origem ao nome do bairro...suspense...de Copacabana!). A igreja estava em obras e não conseguimos ver muito bem o seu interior. Do lado de fora, juntamente com dezenas de fiéis que participavam da procissão, outra dezena de pedintes e mendigos a procura da boa vontade dos que passavam.

De volta à rua principal, e longe da confusão da praça, paramos pra comer numa pizzaria charmosa como todos os lugares na cidade. Depois da pizza, hora de nos despedir da Bolívia e embarcar rumo ao Peru. Para a nossa felicidade, pegamos um ônibus turístico, novinho em folha, enorme, espaçoso e cheiroso! A parada na imigração foi rápida e organizada. De volta ao paraíso, ou melhor, ao ônibus, encaramos quatro horas de lindas paisagens e poltronas confortáveis. Boa viagem!

Chegamos em Puno por volta das quatro da tarde. No nosso ônibus tinha um agente de viagens que nos fez várias propostas de hospedagem interessantes. Saindo da rodoviária, ele nos levou pessoalmente aos hotéis. Não sei por que acreditamos que aquela negociação daria certo, mas depois de subir e descer ladeira com o mochilão nas costas, acabamos entrando por conta própria no Hotel Utama e negociamos os quartos por U$10 cada. Esse sim foi um ótimo negócio e ainda deixou nosso "agente" com cara de palhaço no saguão.

A cidade de Puno é uma coisa horrorosa. Prédio pra tudo quanto é lado, trânsito caótico, feia e barulhenta. A boa é se manter na área em torno da Plaza de Armas. Aí parece que estamos em outro lugar. Restaurantes, bares, lojas. Depois de olhar todas as ofertas (e são muitas) de restaurantes, decidimos parar pra comer na Pizzaria La Hostería. E adianto foi uma excelente escolha, acredito que a melhor refeição até o momento. Pedi um frango ao curry com batata cozida. Dos Deuses!! Tenho que admitir que a cidade pode ser feia, mas a culinária... Como não tínhamos nada pra fazer por ali, saímos do restaurante e fomos a uma...cafetería!! Parecíamos quatro mortas de fome que não podiam ver boa comida sem ficar maravilhadas! Um chocolate quente depois, voltamos pro hotel. Depois de assistir de camarote a uma briga na rua, dormimos confortavelmente. Que Deus abençôe o Hotel Utama.


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Hotel Utama
a duas quadras da Plaza de Armas
U$10,00

Pizzaria La Hosteria
Jr Puno

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Uma das belíssimas praias de Isla del Sol.













Mar? Não! Lago!













Águas cristalinas na terra natal do Pai Sol.













Nosso guia contando as peripécias do povo inca pela ilha sagrada.


















Com uma paisagem como essa, ladeira nenhuma me pára!

Isla del Sol

10° dia

NO BALANÇO DO...LAGO!

Tivemos que acordar cedinho por conta do nosso passeio à Isla del Sol, e o resultado catastrófico da noite anterior já se fez notar ao abrir dos olhos. Eu acordei sem saber onde estavam os vouchers do passeio que havíamos comprado na véspera, Iraman sem saber onde estava com a cabeça pra dormir apenas de calcinha e sutiã num frio daqueles, e Isa, bem, acho que a Isa sequer sabia onde estava.

Subimos pro café-da-manhã com uma certa ansiedade. Havíamos lido na véspera o cardápio e a oferta parecia bastante animadora. Só que o tal "desayuno americano" não tinha nada de diferente de todos os outros que já tínhamos comido a não ser por um ovinho sem sal.

Nos arrastamos até o porto e embarcamos num simpático barquinho juntamente com outros tantos turistas (todos com a aparência bem melhor que a nossa naquele momento). O balanço do mar (ou melhor, do lago! - não adianta, não parece que estamos num lago...) fez parecer que nosso destino era o Japão. A ilha não chegava nunca! Cada uma se ajeitou como pode nos desconfortáveis banquinhos e tiramos um cochilo atrapalhado até chegar.

A Isla del Sol é surpreendentemente linda! Já esperava ruínas, trilhas, mas nunca praias tão incríveis quanto as que vimos por lá. Por uma hora andamos na companhia de um guia que ia nos contando a história da ilha e todo o seu significado espiritual e religioso para os índios aymarás, tiwanacos e, mais tarde, os Incas, que acreditavam ser ali o berço do Pai Sol.

Depois de ver as ruínas, mas ainda sofrendo os efeitos do álcool no corpo, decidimos seguir o caminho e cruzar a ilha até a outra extremidade, onde estaria nos esperando o nosso barco. A trilha dura em torno de quatro horas repleta de subidas intermináveis e cansativas, mas é a paisagem e a paz do lugar que tiram o fôlego dos turistas que se aventuram por lá. Cansou? Nada melhor do que sentar, curtir a vista e tirar umas fotos.

Chegando ao lado sul da ilha já bem cansadas, lá estava nosso barco. Esperamos um bom tempo pra sair a espera do restante dos turistas. Muita gente prefere dormir por lá e só voltar no dia seguinte. Confesso que invejei essas pessoas. A Isla del Sol pede a vista de um pôr do sol, que tivemos que conferir, infelizmente, na volta a Copacabana.

A fome era gigante quando pisamos em terra firme outra vez. Na preguiça de procurar e na pressa de comer, calhamos no mesmo restaurante da noite anterior. Só pra mudar um pouco (porque a truta da véspera estava mesmo deliciosa) pedi um macarrão ao pesto, que mesmo muito bom, me trouxe de volta o enjôo daquela manhã. Logo, a volta para o hotel pedia um cochilo profundo e restaurador antes do banho quente da noite, que aliás, virou missão impossível no hotel. Mas até que um banho gelado me fez bem, e lá estava eu pronta pra próxima!!

Paramos num cyber café charmosíssimo, com mesa de sinuca, filmes, bar e tudo mais. Como o lugar já estava fechando, nos mudamos para um bar do outro lado da rua e, sem ligar pra ressaca, pedimos logo uma cerveja. Decidimos entrar no clima mexicano do lugar e pedimos um taco extremamente apimentado, sem lembrar que a descarga do nosso hotel não era lá muito confiável...

terça-feira, 27 de março de 2007

PAUSA PARA FOTO


Ambassador Hotel














Truta e vinho no Manka Uta.














Pisco Sour no Pueblo Viejo.

sábado, 24 de março de 2007

COPACABANA

9° dia

Chegamos a La Paz antes da oito, já recuperadas da nossa viagem infernal. Depois de um pit stop no banheiro, fomos tomar café ali mesmo na rodoviária. Comi um pão com ovo, outro com queijo e um achocolatado por onde o leite não passou nem de longe.

Conseguimos comprar as nossas passagens pra Copacabana às onze e meia ali mesmo na rodoviária e não na Zona do Cemitério (de onde partem a maioria dos ônibus com destino ao lago Titicaca). Pela foto que havia no guichê nosso micro-ônibus parecia bem razoável. Ficamos fazendo hora no banquinho desconfortável da rodoviária saboreando um Snikers (não aguento nem mais o cheiro desse chocolate!) e vendo uns clipes do século passado numa televisão tão velha quanto. A moça do guichê foi nos levar pessoalmente ao local de embarque, o que fez sentido quando vimos que o ônibus passava na rua e não na rodoviária. Um ônibus meio xexelento encostou na calçada e continuamos ali sentadinhas esperando o nosso chegar. Mas espera... Esse era o nosso ônibus!! Mas o que aconteceu com o da foto, tão bonitinho?? Bom, a mocinha não ficou por lá pra responder a nossa pergunta! Mas, tirando os solavancos pelo caminho e um leve cheirinho de mofo, a viagem foi tranquila. Sem falar na paisagem que, a medida que nos distanciávamos de La Paz, ficava ainda mais bonita, principalmente quando começamos a margear o Titicaca. O lago, que mais parece o mar (afinal, tem nada menos que 8300 km²), é cercado por cordilheiras e sua cor fica ainda mais bela compondo com o azul do céu boliviano. Estamos a 3821m de altitude.

Chegamos a Copacabana por volta das três da tarde e saímos em busca de um lugar pra ficar. Depois de ver uma ou outra espelunca, decidimos ficar na nossa primeira opção: Ambassador Hotel, a poucas quadras do lago. Fechamos o passeio a Isla de Sol pro dia seguinte e compramos nossa passagem pra Puno na agência ao lado do hotel e fomos catar um lugar pra comer. No caminho para o lago há dezenas de restaurantes, cada um mais lindo que o outro. O astral de Copacabana é totalmente diferente de La Paz. Um balneáreo cheio de bares, restaurantes e, é claro, turistas.

Decidimos comer no Manka Uta e não deixamos de experimentar a famosa truta que veio servida no melhor estilo "PF", com salada (à vontade), arroz, batata, sopa e sobremesa. Super em conta. Como a noite estava mais do que agradável (até porque o restaurente estava repleto de turistas interessantes...), pedimos um vinho pra acompanhar a refeição. E outro pra acompanhar a sobremesa. E mais um pra acompanhar... o cafezinho? Depois de três vinhos nada mais natural do que sair à procura de um bar pra tomar a saideira. Descobrimos que, apesar da abundância de bares, os lugares não fecham lá muito tarde. Fomos parar num bar em frente ao restaurante em que estávamos, chamado Pueblo Viejo. Como já adiantei, viramos fã do Pisco Sour, logo, terminamos a noite degustando nosso drink local preferido (que aquela altura já chamávamos intimamente de "Pescoção"). Na hora de pagar a conta, aquela tristeza. Mas como todo bêbado vira rico, só demos conta do prejuízo da noite no dia seguinte.


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Hotel Ambassador - Copacabana (Bolívia)
Esquina Calle Bolivar com Calle Jauregui

Restaurante Manka Uta - Copacabana (Bolívia)

Av. 6 de Agosto
pratos super em conta, turistas interessantes e atendimento perfeito!

Bar Pueblo Viejo

Av. 6 de Agosto
Boa música e bons drinks!

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Iglesia de San Cristobal

De volta a Uyuni

8° dia

Acordei meio perdida, sem lembrar bem onde estava. Vi minhas companheiras de viagem dormindo igual crianças nas camas ao lado e me lembrei da noite incrível que eu tinha tido. Começava o quarto dia de viagem pelo deserto de sal boliviano e eu já estava mais do que ansiosa pra voltar a La Paz e seguir viagem. Ainda tínhamos muito chão pela frente e muita coisa pra ver.

A Iraman, ansiosa como eu, também acordou cedo e como avistamos o Matteo tentando consertar nosso carro no quintal, sentimos que o café-da-manhã aquele dia demoraria a sair e resolvemos dar uma volta e conhecer a pitoresca Culpina K, onde vivem as famílias de trabalhadores de uma mina perto dali .

Além do nome, a cidade chama a atenção por vários motivos. A começar pelo portão da cidade que diz "Culpina K - Cidade Modelo" e traz outras placas indicando a existência de hotéis, telefone, hospital, intenet e até mesmo aeroporto. Não entendi muito bem a piada, mas desconfio de que uma cidade que consiste em poucas ruelas e casebres paupérrimos no meio do nada tenha todas essas vantagens tecnológicas. Acho que de todos os ítens, o aeroporto é o mais provável de existir, considerando toda vastidão que cercava a cidade. As ruas estavam desertas (perdão pelo trocadilho) e totalmente silenciosas, até as crianças saírem da escola e descerem correndo e sorrindo para as duas gringas que assistiam à cena curiosas. Deixando os estudantes pra trás, continuaríamos o passeio não tivéssemos chegado ao outro portão da cidade. O de saída. Ou de entrada dependendo da perspectiva. E uma vez nele, conseguíamos enxergar o outro na extremidade oposta da gradiosa Culpina K.

Voltamos pra casa ainda muito empolgadas com o passeio. Bella e Isa morriam de tédio à espera do Matteo, que sequer dava notícias sobre o estado do nosso carro. Horas depois, finalmente seguimos viagem, trocando uma ou outra palavra com nosso motorista, que ainda estava meio aborrecido com a gente desde o dia anterior. Paramos em San Cristóbal para visitar a Iglesia de San Cristobal, contruída dois anos antes, mas projetada para parecer datada do período colonial. Ainda encontrávamos alguns turistas pelo caminho, mas em número consideravelmente menor do que durantes os outros dias pelo deserto.

A hora do almoço acredito que foi a grande vingança do Matteo, que a aquela altura não fazia a menor questão de interagir com a gente. Numa panela, batata e cenoura cozidas. Na outra, ovo cozido e tomate. Para acompanhar o banquete, pão ("à la Bolivia"), maionese e ketchup Kris. A nossa volta, crianças riam assitisno às gringas comendo pão com batata e ketchup. Bom, não era uma refeição saborosa e muito menos balanceada nutritivamente, mas tenho que admitir que matou minha fome como nenhuma outra desde que botei os pés na Bolívia. Valeu, Matteo!

Chegamos a Uyuni às três da tarde e como nosso ônibus para La Paz só saía às oito, aproveitamos pra dar uma volta na cidade. Uyuni tem uma boa infra-estrutura de hotéis, cyber cafés e restaurantes, então fazer hora por lá não foi problema. Paramos pra jantar em um restaurante na praça principal (não me lembro o nome) que estava cheio de outros turistas a espera do ônibus. Antes que chegasse nossa macarronada (não íamos arriscarm, né?), eu e Iraman resolvemos experimentar o famoso Pisco Sour, e já adianto que tomamos gosto pela coisa.

Nosso ônibus saiu sem atraso e comemoramos por vê-lo partir com apenas meia dúzia de pessoas em pé no corredor. Por via das dúvidas, tomei um dramim na esperança de dormir a viagem inteira e apagar a má impressão. O problema é que com o ônibus mais vazio, o frio apertou. A minha janela estava "lacrada" com fita durex e o vento que entrava não deixou o Dramin fazer efeito de jeito nenhum. Eu e Bella nos enrolamos no meu saco de dormir que não conseguia dar vazão de esquentar as duas. Iraman e Isa também se viraram como deu, mas o frio dentro do ônibus conseguiu fazer a nossa viagem de volta ser ainda pior do que a de ida. Quando chegamos a Oruro por volta das duas, fomos informadas de que nosso ônibus para La Paz sairía apenas às quatro, mas como a sorte estava 100% do nosso lado, pudemos esperar dentro do ônibus. Foram duas horas lutando contra o frio e contra o Dramin, que àquela altura já me deixava totalmente sonolenta, mas não o sufuciente pra ignorar que meu queixo tremia e que os ossos do meu pé pediam socorro.

Saímos correndo de um ônibus ao outro que nos esperava do lado oposto da rodoviária, que naquele frio, parecia ser do tamanho do Maracanã. Pra nossa completa e quase infantil felicidade, nosso novo transporte tinha calefação. Infelizmente a viagem durou apenas quatro horas, mas foram uma das melhores quatro horas da minha vida. Amém.


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PISCO SOUR


RECEITA:

2 medidas de Pisco
1 medida de suco de limão passado na paneira
1 clara de ovo
gelo triturado
1 medida de açúcar
Diluir o açúcar no pisco. Colocar no liquidificador todos os ingredientes e bater em velocidade alta por 3 a 4 minutos. Servir em taças de vinho tinto com uma pitada de canela em pó.

quinta-feira, 22 de março de 2007

PAUSA PARA FOTO



Laguna Branca













Casa do Matteo, nossa última hospedagem.















Portão de entrada da famosíssima Culpina K.













As ruas asfaltadas de Culpina K.

Tour de 3 ou 4 dias?

Se eu pudesse escolher hoje, faria o de 3, já que depois da Laguna Branca, não tinha mais nada de interessante pra se ver por lá e ainda teríamos o dia inteiro pela frente. Se fosse o tour de 3 dias, já estaríamos voltando pra Uyuni. Mas no de 4, fica-se ainda vagando pelo deserto pra ver não sei bem o que. Acho que só me lembro das Dali's Rocks, mas a gente viu de tão longe que nem teve tanta graça. Foram horas no carro até a parada no fim do dia. Só havíamos nós quatro no carro com o Matteo. Ao tentar entender por que diabos existia um tour de 4 dias já que não havia nada mais a ser visto, acabamos comprando briga com nosso motorista, sempre um doce de pessoa. Nós com nosso espanhol mambembe tentando explicar pra ele que nosso problema era com a agência que nos havia vendido o pacote e não com ele. Mas não teve como evitar um barraco no carro, o que não é nada legal quando se está sozinha com um cara estranho num carro no meio do deserto, sem viva alma em volta. Foi meio tenso e o clima na viagem ficou estranho até o fim do dia.

Chegamos a uma casa onde passaríamos a noite, na "cidade" de Culpina K. Ficamos num quartinho com quatro camas bem melhores que as da noite anterior. Mais tarde descobrimos que a casa era da família do próprio Matteo mesmo. É mole? Mas era quentinha e tinha um banho decente (tirando o choque que eu levei pra acender a luz do banheiro). Enfim, estávamos todas felizes. Jantamos mais sopa de quínua e carne de lhama com purê de batata. Essa noite apenas eu encarei a carne. As meninas estavam meio apreensivas com a possiblidade de jantar sopa com purê de batata, mas pra felicidade geral, o chazinho da noite foi servido com galletas (biscoito! oba!) e saciou a fome de todas.

Fomos avisadas que a luz apagaria às onze. Seguimos pro quarto e ficamos de papo. Cada uma foi apagando no meio da conversa e dormimos com tudo aceso. Só acordei no dia seguinte totalmente recuperada da noite no alojamento.

terça-feira, 20 de março de 2007

PAUSA PARA FOTO


Geisers vulcânicos a 4870m de altitude.

















A trupe reunida, colorida e feliz!












40 graus e dezenas de turistas felizes!


















Cada hora no curso de fotografia valeu por essa foto. De longe a minha preferida!

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Nosso alojamento em Laguna Colorada.












As poças colgeladas rumo à Laguna Colorada.



No caminho pros geisers, a expectativa do nascer do sol.

Geisers e águas termais...graças a Deus!

7° dia

As luzes se apagaram no alojamento por volta das dez horas, mas acho que só fui pegar no sono depois de meia-noite. O frio que fazia dentro do nosso quarto era desumano, e a sensação que eu tinha era a de que todos estavam dormindo numa boa menos eu. No dia seguinte me provaram que eu estava errada, com exceção do casal italiano, que dormiu de roupas íntimas num saco de dormir punk que já tinha usado no Everest. Covardia. Ah, e como sabíamos que o Pierre estava de roupas íntimas? Porque ele fez questão de trocar de roupa na nossa frente. E da mulher. Coisa de europeu...

Assim que me deitei, senti que a noite seria longa. Ajeitava os casacos de um lado, o saco de dormir descobria de outro. Quando os dois se entendiam, o gorro dava uma levantada nas orelhas, e toca de sair do casulo pra cobrir as coitadinhas. E foi nesse estica e puxa que eu peguei no sono, horas depois de me deitar no breu total. A Iraman ainda sentia as mazelas do ar seco e tinha dificuldades para respirar durante o sono, o que proporcionava roncos quase que pornográficos, pra nossa vergonha total, já que estávamos dividindo o aposento com estranhos!

As cinco da matina fomos acordados gentilmente pelo Matteo. A Iraman bem que tentou trancar a porta na cara dele num espontâneo ato de desespero, mas ele, com seu jeitinho doce de ser, tirou todo mundo da cama rapidinho. A idéia era ver o sol nascer nos geisers. O frio que fazia no nosso quarto causava um certo pânico em pensar como estaria a situação além daquelas paredes. A ida ao banheiro foi vagarosa e, escovar os dentes, uma tortura. Aliás, o banheiro coletivo do alojamento é um capítulo à parte. Ele consistia em uma pia, duas privadas sem tampa e um tonel de água. Pra que o tonel? Depois de muito debater descobrimos sua finalidade: com a ajuda de um balde, ele servia como uma eficiente descarga. Prático, não?

Como dormi com todas as minhas roupas no corpo, não tive muitas dificuldades em me arrumar pra sair. Tomei um café escaldante com o Pierre e ainda era noite lá fora. O termômetro marcava 4° dentro do alojamento. Nem quis saber quanto fazia lá fora com o vento impiedoso do deserto. Na hora de partir eu já estava quentinha, mas meus pés doíam de forma que eu só conseguia pensar nisso. Dentro do carro ninguém pronunciava uma palavra. A certa altura decidi tirar minhas botas para massagear meus dedos e tentar aliviar a dor. O sol começava a levantar e todos os seis olhavam juntos a sombra diminuindo, até que os primeiros raios da manhã pegou nosso carro e todo mundo comemorou como num gol da seleção! Finalmente começaríamos a esquentar!!

Ao nascer do sol chegamos aos geisers vulcânicos a exatos 4870m de altitude. Vapores fortíssimos saíam do chão fazendo uma barulheira divertida, e em pouco tempo o frio já não incomodava mais. De lá, seguimos para as águas termais que chegavam a até 40°. Não podia mais imaginar o que seria um banho quente e pela quantidade de turista que havia nas termas, percebi que eu não era a única incomodada com o frio. Era um tal de gente branca pra lá e pra cá de cueca, calcinha, sutiã... biquini e sunga pra quê?? Decidimos eu, Isa e Pierre colocar nosso pés pra degelar naquela água, já que ninguém no mundo me faria tirar a roupa naquele frio todo. E assim que eu coloquei o primeiro dedinho na água escaldante, percebi que estava vivendo uma das melhores sensações da minha vida. E meus pés me agradecem por isso até hoje!

A Laguna Branca foi nossa próxima parada, já muito perto da fronteira com o Chile. Tanto o Diego quanto os italianos se despediram da gente naquele ponto. Os gringos atravessaram pro Deserto do Atacama e o Diego voltou pra Uyuni, já que tinha decidido fazer o tour de apenas 3 dias. Sábia decisão.

segunda-feira, 19 de março de 2007

PAUSA PARA FOTO


Nosso jantar!!
(na verdade tenho minhas dúvidas se é uma lhama ou uma alpaca...)











Com uma paisagem dessa, quem se importa em passar horas dentro de um carro?

















Pausa para o almoço.













Aproveitando pra tirar onda de fotógrafa...


















Árbol de Piedra

Do deslumbre ao desespero

6° dia

Acordamos às seis e meia depois de uma noite de sono revigorante ...e quentinha! Café-da-manhã expresso e pé na estrada de novo. Primeria parada: San Juan del Rosario, um vilarejo perdido no meio do deserto. Casinhas, praça, igreja, escola. E uma vendinha que vendia chocolates do século passado. Mas, que se dane data de validade. Aproveitamos pra refazer nosso estoque de guloseimas, já que essa seria a última parada em lugar "habitável" até o fim do dia.

Ficamos sabendo mais tarde que por ali existe um cemitério que abriga incríveis múmias, mas parece que bateu uma certa preguiça no Matteo em mostrar pra gente. Seguimos caminho para conhecer as lagoas. No caminho, lhamas e alpacas ao som de Alaska, a banda preferida do Matteo. Bom, se é ou não, o fato é que era a única fita que havia no carro pra alimentar nosso toca-fita. A Bella bem que tentou emplacar Placebo, mas acho que não durou nem uma música ao ouvidos rigorosos de Matteo. Bella apelou pro volume máximo do disk-man, enquanto o resto se esforçava pra decorar as letras estranhas que tocavam no alto-falante. Vamos lá, todo mundo: "chica vem me alissssssar!!"

Depois de muito chão e muita poeira, chegamos à primeira lagoa. Não sabia que existia lugar assim no mundo. Sempre achei que as fotos dos panfletos se valiam de algum filtro fotográfico, de um ângulo favorável, do talento do fotógrafo. Mas o fato é que eu estava vendo com os meus próprios olhos um dos lugares mais incríveis do mundo. E aos meus olhos, ele era dez vezes mais bonito do que nas fotos.

E foi nesse cenário que fizemos nosso segundo almoço. Cardápio: Sanduíche de queijo, tomate, pepino e um pouco de poeira, porque ventava demais por lá. Dessa vez, um achocolatado ajudou a saciar um pouco mais meu estômago exigente. Antes de partir, mais algumas fotos, um xixi rápido ao vento e com vista para os flamingos, e um agradecimento de todo coração por estar naquele lugar. Mal sabia eu o que ainda estava por vir.

Alguns enguiços depois, chegamos a outra lagoa. E posso dizer que, se Deus realmente existe, era lá que Ele estava. Uma lagoa azul piscina aos pés de uma montanha nevada, povoada por felizardos flamingos e cercada de turistas boquiabertos. Nós quatro ficamos em silêncio por uns bons minutos. Peguei minha filmadora pra registrar o lugar, mas não conseguia um take sequer que fizesse jus ao lugar. Tentei captar depoimentos das minhas companheiras de viagem, mas só levei fora. É, tenho que concordar que não há muito o que dizer sobre um lugar como esse. E estando lá, o melhor mesmo é ficar em silêncio. Desculpem por interromper. De verdade.

A única coisa que atrapalhava nosso dia era o chá de cadeira no carro para ir de um lugar ao outro, mas que se importava com aquilo, se a cada parada o que já era bom ficava ainda melhor? Ao fim do dia, chegamos à Árbol de Piedra, um dos cartões postais do deserto. Além da árvore de pedra propriamente dita, outras rochas enormes surgiam em pleno deserto, formando uma paisagem um tanto quanto surreal. Não ficamos muito, pois já começava a esfriar e o vento estava fortíssimo. Sem contar a poeira, que àquela altura já tinha sido incorporada a cada orifício do meu ser.

A Laguna Colorada foi nossa próxima e última parada do dia. Passaríamos a noite ali num abrigo para turistas. Essa noite especificamente, todo os turistas dormiriam no mesmo lugar, pois ali não há nenhuma outra opção de hospedagem. Estamos mesmo no meio do deserto. Chegando ao alojamento, escolhemos nosso quarto, um dos poucos ainda desocupados. Lá dentro apenas seis camas de mola, onde dormiríamos nós quatro e o casal de italianos. Algumas janelas estavam quebradas, então fazia um frio de lascar mesmo dentro do quarto. Largamos as coisas por lá, e como ainda era dia lá fora, fomos dar uma andada pra ver a lagoa. O vento era ainda maior e as poças congeladas pelo caminho me diziam que era melhor voltar pro alojamento. Mas a beleza da lagoa nos levava pra cada vez mais longe de lá, e quando o sol finalmente se pôs e o frio chegou com força total, estávamos há uma distância considerável do nosso abrigo. A volta durou uma eternidade. Minhas mãos congelavam, minha boca começava a rachar, meu nariz a escorrer, e meus dedos a cair. Ok, não chegaram a cair, mas se tivessem caído eu certamente não sentiria!

Naquela noite, o banho sequer foi assunto na mesa de jantar. Ninguém teve coragem de levantar o tema, então todos dormimos cheios de poeira e sem nenhuma vergonha. Antes disso, o jantar. Primeiramente, sopa de quínua. Estava tão quentinha que eu comeria umas dez se pudesse, mas pra nossa felicidade, o Matteo trouxe o prato principal: macarronada! Até mesmo o Pierre gostou da idéia! Mais tarde o Diego também se juntou a nós, e ficamos tomando chá (eu nunca tomei tanto chá na minha vida, só aquilo me esquentava!) até que, às dez em ponto, todas as luzes se apagaram em fomos obrigados a dormir.

domingo, 18 de março de 2007

PAUSA PARA FOTO



Isla del Pescado













Prato do dia: arroz, atum, tomate e pepino!










Hotel de Sal















Confirmado! É de sal mesmo!!












Isla del Pescado e Hotel de Sal

Próxima parada: Isla del Pescado. Uma ilha de pedra e cactos gigantes no meio do deserto. Paga-se um valor simbólico pra entrar, porque lá rola uma infra-estrutura de banheiro e mesas pra galera comer. Todos os carros que estão fazendo o tour param por lá para os turistas comerem. O Matteo começou a preparar o nosso almoço e pediu pra gente dar uma volta. Não pensei duas vezes antes de sair de perto, melhor não ver nada!! Sentamos pra comer pouco depois. Cardápio do dia: Arroz, tomate, pepino e atum (sim, atum enlatado). E é isso. Fiquei com pena do Pierre, ter que comer aquele almocinho light depois de horas de viagem. Apesar da comidinha sem graça, comer ao ar livre, no meio do deserto, numa adorável mesinha de pedra e cercada por pessoas do mundo inteiro compensava qualquer falta de sabor na refeição. De sobremesa: banana!

Chegamos no hotel de sal por volta das cinco horas. Fizemos questão que o nosso tour incluísse o pernoite lá, porque têm muitas agências que hospedam os turistas num hotelzinho comum no deserto. Nem sei se o hotel é bom ou não. O que importa é que o hotel de sal é um charme! Levei um susto quando entrei, porque esperava outra coisa totalmente diferente. Logo na entrada, mesinhas com velas e toalhas coloridas. No quarto, duas camas super confortáveis e uma mesinha. Tudo de sal, claro. Como eu sei que não estavam me enganando?? Eu provei, lógico!!

Conseguimos tomar banho quente no banheiro comunitário do hotel. A melhor coisa que fizemos foi ter ido logo pro banho, porque mais tarde aquilo ficou uma imundície só, com um bando de gringo mal educado fazendo bagunça no banheiro. E como o baño é unisex, rola aquela ginástica pra vestir a roupa no box sem molhar a roupa inteira, secar um pé sem molhar o outro já seco...

Resolvi dar uma volta no vilarejo com a Isa. A "cidade" se resumia numa ruela com meia dúzia de casinhas e uma igreja na praça ao final da rua. E do vilarejo, claro. O hotel é bem quentinho, mas fazia um frio terrível lá fora. Como estamos no meio do deserto, o vento vem com tudo e congela bochechas, nariz e qualquer outra parte do corpo que esteja de fora. Decidimos voltar pro jantar.

A comida foi servida nas mesonas do hotel, a turistada toda junta à luz de velas esperando o banquete. Era engraçado ver que cada motorista (agora no papel de cozinheiro) servia uma comida diferente, mas a nossa não deixava muito a desejar pros outros grupos. De entrada, a já habitual sopa de quínua. Repeti o prato porque estava uma delícia e eu, faminta como sempre. Eu, Isa e Iraman resolvemos pedir um vinho pra acompanhar aquela noite maravilhosa. A Bella ainda não estava se sentindo muito bem e preferiu não arriscar. Depois da sopa, Matteo serviu arroz, salada e...carne de lhama! Eba! Que bom que eu não como carne!! As meninas fizeram cara feia pro prato, afinal, era carne das fofíssimas lhamas!! Mas acho que meu estômago me boicotaria pro resto da viagem se eu não comesse logo, porque a sopa só tinha servido pra aumentar meu apetite. Resolvi encarar a carne e acalmar minha fome. Bom, pra quem não curte carne como eu, deu pro gasto. Pros carnívoros, acho que não seria nada mal. Só achei a carne meio dura, mas com aquele gosto que toda carne tem...

A noite terminou do jeito que começou: perfeita! A cama era uma delícia e eu apaguei assim que deitei e dormi neném até o dia seguinte!!

PAUSA PARA FOTO


Parada antes de partir rumo ao Salar. Turistada reunida na expectativa!













Crianças brincando com montinhos de sal.

















Nosso companheiro de viagem, o italiano Pierre, registrando a paisagem.












Chegamos ao salar

Depois da sessão de fotos no cemitério de trens, seguimos a um pequeno vilarejo pra comprar coisas, fazer um pit-stop no banheiro e esticar as pernas. Tinha um monte de carros como o nosso e o lugar estava abarrotados de turistas do mundo inteiro. Acabamos reencontrando o Diego, brasileiro que tínhamos conhecido na rodoviária na véspera. Ele contou que o ônibus dele não estava tão cheio quanto o nosso (claro que não, né?), mas disse que passou um certo aperto pra arrumar hotel às cinco da manhã naquele frio de lascar que fazia ontem, e ainda teve que acordar super cedo pra tentar uma vaga em algum dos carros pra fazer o tour. Fiquei aliviada por ter fechado o pacote em La Paz. Tentei achar um banheiro pra tirar a calça de baixo que eu tinha vestido quando acordei congelando pela manhã, mas que agora começava a me assar com o calor do dia. Mas o baño que encontrei era uma fossa no chão nojenta e mal-cheirosa. Desisti e decidi continuar com calor.

Enfim, chegamos ao salar propriamente dito. Não tenho palavras pra descrever o visual daquele lugar. O céu absurdamente azul, contrastando com o chão 100% branco do sal até onde a vista alcançava. Parecíamos quatro crianças num parque de diversões! Espalhados, havia montes de sal, prontos pra gente brincar, pular, chutar, subir... Durante o verão, o sal fica todo coberto com uma camada de água da chuva, mas como estamos no inverno e não chove, o chão está sequinho, pronto pra gente provar e concluir: “é sal mesmo!!”.

PAUSA PARA FOTO


O 4x4 do Matteo que nos levou por quatro dias pelo deserto boliviano.










Cemitério de trens - Salar de Uyuni














Como ligar o nada ao lugar nenhum...






Salar de Uyuni - cemitério de trens

5° dia

Quando conseguimos deitar pra dormir já passava das cinco horas da manhã. A saída no dia seguinte estava programada pras 10 horas! O quartinho até que era bom, mas o frio que fazia não me deixou dormir. Meus pés estavam doendo demais e a certa altura tive que tirar a meia e tentar massageá-los pra ver se o calor voltava aos meus dedinhos... Quando me esquentei de novo já era hora de acordar. Eu e a Isa dormimos no mesmo quarto e decidimos separar as coisas pra levar no nosso tour de quatro dias pelo deserto. Só podíamos levar um mochilão pra cada duas pessoas. Então tirei umas coisas da minha mochila e coloquei na da Isa e guardei umas coisas dela na minha mochila, que ficaria no depósito do hotel durante esses dias.

Saímos pra tomar café, que pra nossa surpresa, era ótimo! Pão, queijo, ovo, leite, café... o suficiente pra alegrar o nosso dia e fazer a gente esquecer da noite anterior. A Iraman e a Bella demoraram à beça pra sair do quarto e não curtiram o café-da-manhã tanto quanto a gente.

Ainda no hotel conhecemos o casal de italianos que faria o tour com a gente. Pierre e Amália, um casal ótimo que se mostrou uma excelente companhia ao longo da viagem.

Saímos às 10 como combinado. O Matteo era nosso motorista / cozinheiro / guia / mecânico. Um sujeito calado, meio bronco e com as mãos imundas!! Só pensava no nosso almoço, como seria! O carro não tinha como ser limpinho por conta da poeirada do deserto, mas era super confortável e com espaço suficiente para todos. A primeira parada foi no cemitério de trens, uma antiga linha ferroviária que cruzava o deserto na época da colonização. Dá pra fazer umas fotos incríveis. Aqui já conseguíamos ter uma noção da paisagem que nos esperava ao longo desses dias. O céu aqui é muito azul, uma cor incrível de se ver!

PAUSA PARA FOTO

Infelizmente não tive condições físicas nem mentais para registrar a situação no nosso ônibus a caminho de Uyuni. Acabei me arrependendo, mas tenho conciência de que, naquele momento, eu realmente fiz o que pude pra manter o bom humor. Tirar fotos já seria pedir demais. Quem sabe em uma outra situação estranha como aquela?

Viagem La Paz - Uyuni

4° dia

Chegou a hora de deixar La Paz pra trás e seguir em frente rumo ao Salar de Uyuni, também conhecido como deserto de sal. Acordamos cedo pra arrumar as coisas, fazer o chek-out no hotel e aproveitar pra fazer as últimas comprinhas. As coisas de prata estavam me enlouquecendo e tem que rolar uma mentalização muito forte pra não sair torrando todo o dinheiro nessas lojinhas de La Paz. A Iraman e a Isa tiveram que sair atrás de óculos escuros, já que estamos indo pro deserto e, por lá, vai ser sol na cara o dia inteiro. Pela demora, acredito que comprar óculos em La Paz não deve ser uma missão muito fácil.

Nosso ônibus só saía mais tarde, então aproveitamos pra almoçar no El Montañez, lanchonete em frente ao hotel. Uma refeição caprichadíssima: cachorro quente com papas!


Três da tarde e nada da van que ia levar a gente pra rodoviária chegar. Depois de um tempo a própria mulher da agência desistiu de esperar e colocou a gente num táxi. Fomos recebidas por uma outra mulher na rodoviária, que nos levou até o guichê pra pegar as passagens. Até estranhei tanta eficiência, mas até lá tava mesmo tudo funcionando muito bem! Ainda na rodoviária, fazendo hora pra embarcar, conhecemos mais um brasileiro. Diego também estava indo pro Salar, só que por conta própria. Acabamos pegando ônibus diferentes, mas com a certeza de que iríamos nos reencontrar em algum ponto no deserto.

A viagem até Oruru foi tranqüila. Nosso ônibus não era nenhuma maravilha (aliás, nenhum ônibus se compara com os nossos no Brasil), mas deu pra dar uma dormida. Tinha até uma televisão na parte da frente, mas pela cara dela não devia funcionar há anos. Pra minha surpresa, lá pro meio da viagem um tiozinho apareceu e com uma fita VHS pra gente ver. Mas hilário mesmo foi quando ele pegou uma parafernália de plástico, com uma engrenagem estranha e começou a rebobinar a fita manualmente!! Me lembrei na hora da minha infância, quando voltava minhas fitas K7 com caneta bic pra economizar pilha na viagem!! Como se já não bastasse todo esse teatro, começa o filme: Darkman! Um filme muito tosco com o Billy Zane no início de carreira. Quer dizer, na verdade ele sempre esteve em fim de carreira. Enfim, não importa. O importante é que até lá a viagem estava uma maravilha.

Quando chegamos na rodoviária de Oruro, o caos na terra!! Gente, cachorro, mala e galinha pra tudo quanto é lado, a maior barulheira e nós quatro com aquele mochilão gigante nas costas sendo jogadas de um lado pro outro naquele empurra-empurra todo! Depois de muita confusão, conseguimos encontrar a nossa plataforma, afinal ainda tínhamos que pegar o ônibus pra Uyuni. Olhando em volta só víamos aquele mundo de gente entrando nos ônibus sem um pingo de organização (não vou nem dizer “educação” pra não forçar a barra). Quando o nosso chegou, respiramos aliviadas porque ele, pelo menos, tinha cara de ser mais novo que os outros. Entramos e sentamos. Mais gente entrou e sentou. E mais gente entrou. E entrou, e entrou... Quando vimos, nosso ônibus estava abarrotado de gente, malas e pacotes. Depois de muito tempo, finalmente partimos. Eu comecei a escutar música antes mesmo de deixar a rodoviária pra ver se abstraía aquele cenário surreal. Um cara sentou em cima e uma mochila no corredor ao meu lado e se apossou do braço da minha poltrona. Em pouco tempo já ocupava 60% do meu espaço. E eu totalmente acordada! A Bella, que estava sentada na janela ao meu lado já começava a entrar em desespero total. Ela me dizia pra empurrar o cara ou pedir gentilmente pra cair fora de cima de mim! Mas como é que eu ia pedir isso pra uma gente que tava viajando por 10 horas sentada no chão de um ônibus lotado? Se eu estava numa situação ruim, eles estavam em uma pior ainda. Enfim, assim seguimos a viagem inteira. Espremidas e acordadas. Com as outras meninas no banco da frente a situação era tão ruim quanto, até porque elas estavam na primeira poltrona do ônibus, com um bando de gente na cara delas. A Iraman tinha que agüentar um garoto sentado quase que no colo dela, e a Isa uma hora chutou a cabeça de uma pessoa sem querer. Explico: o sujeito estava deitado no chão!! Pra piorar a Isa começou a passar mal e teve que vomitar num saquinho improvisado e carregou o presentinho horas a fio até poder jogar fora numa parada. Certa hora, vimos uma movimentação estranha, era um gringo que tinha decidido dormir...no bagageiro em cima das nossas cabeças!!!

Depois de uma cinco horas naquela situação, o ônibus fez uma parada e uma galera considerável desceu. Deu pra dar uma reorganizada no espaço e, com isso, recuperei uns 20% da minha poltrona. Assim, conseguimos dormir um pouco até chegarmos em Oruru, às 5 da matina. Fazia um frio, perdão a expressão, da porra!! Uma tiazinha apareceu pra buscar a gente na “rodoviária” (que tava mais pra ponto de ônibus) e fomos levadas, já no no 4x4 que nos levaria pro deserto no dia seguinte, até o Hostal Marith, onde dormiríamos por algumas pouquíssimas horas.

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Lanchonete El Montañez

Calle Sagárnaga, La Paz.